Versão para impressão Diminuir tamanho das letras Voltar Página inicial Aumentar tamanho das letras


Notícias

  22/09/2016 

A sociedade culpa a vítima e normaliza o comportamento sexual e violento dos homens

Escrito por Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT 
 
As manchetes principais da grande mídia na manhã de ontem (21) estão causando polêmicas nas redes e nas ruas. O resultado da pesquisa realizada pelo Instituto DataFolha e encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que um em cada três brasileiros acha que a culpa é da mulher em caso de estupro. 42% dos homens e 32% das mulheres entrevistadas acham que “Mulheres que se dão ao respeito não são estupradas”.
 
“O que esperar de uma cultura que não ensina seus homens a respeitar as mulheres?”, questionou a secretária Nacional da Mulher Trabalhadora na CUT, Junéia Martins.
 
Para Junéia, os números deixam claro a existência da cultura do estupro enraizada na sociedade brasileira. “É uma cultura que culpa a vítima e naturaliza o comportamento do agressor. Muitos não fazem idéia de que sexo sem consentimento ou forçado fazem parte da definição de violência sexual, segundo a Lei 12.015”, complementa.
 
O termo “cultura do estupro”, segundo a ONU Mulheres, é usado para abordar as maneiras em que a sociedade culpabiliza as vítimas de assédio sexual e torna normal o comportamento sexual violento dos homens.
 
“O estupro não é culpa da mulher e nem da roupa que ela usa, o problema é estrutural e precisa ser combatido desde a formação dos cidadãos, na escola, em casa, em todos os lugares. Se não ensinarmos nossos filhos e nossas filhas que "NÃO É NÃO", que o corpo da mulher a ela pertence e ela usa a roupa que quiser e anda por onde ELA quiser estes números só aumentarão”, comenta Mara Feltes, dirigente da CUT e participante ativa do coletivo Nacional de Mulheres na entidade.
 
A pesquisa também levantou a idade dos entrevistados. Os brasileiros com 60 anos ou mais tendem culpar a vítima, enquanto pessoas de 16 e 34 anos que concordam que a mulher é culpada são 23%. “A juventude nos dá uma esperança. Esta nova geração tem mais informações com a internet e talvez as coisas possam mudar”, complementa Mara.
 
Dados da Central de Atendimento à Mulher - o Ligue 180 (serviço da extinta Secretaria de Políticas para Mulheres), registrou em 2015 cerca de 10 casos de violência sexual por dia, com um aumento de 165,27% no número de estupros em relação ao levantamento anterior, computando a média de oito estupros por dia, um a cada três horas.
 
A advogada e cofundadora da Rede Feminista de Juristas, Marina Ganzarolli, afirmou que estes números já são alarmantes, mas não são verídicos. “Nós temos um problema grave de subnotificação e na verdade calcula-se que uma mulher é estuprada a cada 12 segundos”.
 
Para ela o estupro independe da roupa que as mulheres usam, independe da bebida, do local que ela esteja. “O único culpado é o estuprador, é uma ação unilateral. O estupro é a expressão máxima da desigualdade de poder em todas as esferas da sociedade”.
 
Ganza concorda com Mara e diz que a educação de gênero nas escolas é fundamental para a igualdade de gênero. “Não temos que ensinar as meninas como viver para não serem estupradas, tem que ensinar os meninos a viverem sem estuprarem. Temos que ensinar a eles o que é consentimento: não é NÃO e o silencio não é sim”.

 

Última atualização: 22/09/2016 às 16:00:28
 
Versão para impressão Diminuir tamanho das letras Voltar Página inicial Aumentar tamanho das letras

Comente esta notícia

Nome
Nome é necessário.
E-mail
E-mail é necessário.E-mail inválido.
Comentário
Comentário é necessário.Máximo de 500 caracteres.
código captcha
Código necessário.

Comentários

Seja o primeiro a comentar.
Basta preencher o formulário acima.

SINDSEP Itapipoca, Tururu e Uruburetama
Rua José Romero, 232 - Bairro Sanharão
Itapipoca - Ceará - CEP 62500-000

FONE (88) 3631-1232
sindsepsind@yahoo.com.br
desenvolvimento www.igenio.com.br